

Celebrada por suas entrevistas irreverentes, bem humoradas e com o emprego de palavras de baixo calão, oriunda do teatro de revista, Dercy atingiu notoriedade por suas participações na produção cinematográfica brasileira das das décadas de 1950 e 1960. Ela foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil.
Aquela que parecia imortal acabou sendo vencida por uma forte pneumonia encerrando seu principal espetáculo: a vida.
Neste domingo, 19 de julho de 2009, o Brasil relebra um ano sem a comediante que é símbolo de irreverência e alto astral com pouquíssimos exemplos tão contagiantes quanto os dela. Mulher que em épocas de extremo pudor, já mostrava os seios em horário nobre da TV aberta, falava palavrões como se fossem adjetivos banais da nossa língua e dizia absolutamente tudo o que se pensava; coisas típicas desse ícone brasileiro que gostava de dizer: "Escrevem o que eu digo: eu só vou morrer quando eu quiser! Não programo morte, eu programo vida!" "Não tenho medo de morrer. Eu não vou morrer, eu vou desaparecer".
Um ano após sua morte, seu público continua órfão de tanta vitalidade; não apenas pelo seu bom humor e personalidade engraçada mas porque ela é a atriz e comediante símbolo de uma época, de uma transição de conceitos. Poucas pessoas têm a sorte de viver um século e trilhar uma história tão repleta de coragem e transgressão. Ela foi única pelo seu talento e pela sua coragem de abrir as portas num passado tão preconceituoso para as artes cênicas do século 21
Pela sua peculiar irreverência, até seu último momento em vida, Dercy Gonçalves não descansou. Um pouco antes de morrer, ela tentava superar mais uma barreira. Desta vez um recorde. Em uma espécie de pocket show, ela divertia a platéia falando sobre sua vida para conseguir entrar no "Guiness Book", o livro dos recordes, como a mais antiga atriz brasileira lúcida e ainda na ativa.
Símbolo da comédia e do bom humor, Dercy foi uma artista que sempre almejou a fama. Aos 17 anos, ela fugiu de casa para lutar pelo seu sonho. Em 1927, mudou seu nome para Dercy Gonçalves, começou a carreira como cantora, mas logo começou a atuar no teatro de revista, em 1929. E, em 1943, seu talento vai para as telonas dos cinemas. A atriz estreou no filme "Samba em Berlim". Este foi o primeiro de 30 filmes. Sua última participação cinematográfica foi no longa "Nossa Vida Não Cabe Num Opala", lançado no Brasil em 2008.
Na década de 60, fez sucesso na Rede Globo com os humorísticos escritos especialmente para ela, como "Dercy Comédias", "Dercy Espetacular" e "Dercy de Verdade".
Perto do início dos anos 1970, a comediante fez uma pausa de dez anos na televisão. Depois deste período, ela atuou em novelas na Rede Bandeirantes e na Rede R

Depois de outras participações na Globo, Dercy assinou um contrato vitalício com o SBT, em 2000. Um ano depois, a artista fazia seu último personagem na televisão, em um quadro da "Praça é Nossa".
Ícone da irreverência até para ser sepultada Dercy foi ousada, seu corpo que foi enterrado em sua cidade natal, para atender seu desejo; a estrela foi enterrada em pé, ao som da música "Bravo, Bravíssimo - Dercy, um Retrato de um Povo", samba-enredo da Viradouro. Antes, tocaram o Hino Nacional Brasileiro e Dercy Gonçalves recebeu seu último aplauso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário