
Obama venceu o Nobel da Paz por seus esforços para reduzir os estoques de armas nucleares e por seu trabalho pela paz mundial. Mas o pouco tempo no cargo - nove meses - ainda não permitiu transformar as promessas em fatos. Um exemplo é a promessa dos Estados Unidos em ratificar o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, o que ainda não aconteceu, bem como também não se uniu ao tratado para proibição das bombas de fragmentação, assim como os outros principais produtores de armas, como Rússia e China.Além disso, Obama se comprometeu a fechar a prisão de Guantanamo, apesar de a Casa Branca parecer ter renunciado à data limite de janeiro de 2010, inicialmente fixada. No entanto, Obama decidiu cancelar o escudo antimísseis que seria instalado no Leste Europeu. A presença ativa dos Estados Unidos em guerras como a do Afeganistão também contrasta com a vontade de Alfred Nobel, criador dos prêmios, de agraciar os que promovem a paz. Primeiro presidente americano de origem africana, Obama também trabalhou para reiniciar o estagnado processo de paz no Oriente Médio desde que assumiu o cargo, em janeiro deste ano.
As indicações ao Nobel são feitas por milhares de pessoas de todo o mundo, tais como parlamentares, ministros, ganhadores de anos anteriores, professores universitários e membros de organizações internacionais e o anúncio do nome de Obama causou surpresa, inclusive a ele próprio; porque, embora os nomes das indicações são mantidas em segredo pelo comitê, alguns acabam vazando. E, além de Obama, já era sabido que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, era um dos candidatos, mas ambos não eram tidos como favoritos. Porisso, durante pronunciamento na Casa Branca nesta mesma manhã, Obama disse estar "surpreso" e "honrado" com o prêmio. "Sinto-me ao mesmo tempo surpreso e profundamente honrado pela decisão do Comitê Nobel", afirmou o premiado. Ele disse também, que não vê o prêmio como um "reconhecimento" das realizações dele, mas sim um reconhecimento dos objetivos que ele direcionou para os Estados Unidos e o mundo. "Para ser honesto, não sinto que mereço estar em companhia de tantas outras figuras transformadoras que já foram honradas com esse prêmio", resumiu o presidente. "Mas também sei que este prêmio reflete o tipo de mundo que esses homens e mulheres, e que todos os americanos, querem construir", afirmou. Obama disse ainda que aceita o prêmio como um chamamento para combater problemas mundiais, entre eles, a luta contra as mudanças climáticas e o conflito entre palestinos e israelenses.
Nas justificativas da escolha de Obama, o comitê citou os "esforços extraordinários" do Presidente Norte-Americano para "fortalecer a diplomacia e a cooperação entre os povos". E, o novo secretário do Comitê Nobel, Thorbjorn Jagland, disse que a defesa das instituições internacionais para resolver conflitos de forma pacífica foi decisiva ao longo da história do prêmio.Ao conceder o Nobel da Paz ao "visionário" Obama este ano, o comitê pretende "reforçar" a diplomacia e as instituições internacionais e enviar um "sinal claro" ao mundo, explicou Jagland, na entrevista coletiva posterior ao anúncio do inesperado ganhador.O Comitê Nobel ressaltou, em sua decisão unânime, que a visão de um mundo livre de armas nucleares de Obama "estimulou poderosamente as negociações de controle e desarmamento".
Durante 108 anos, o Comitê Nobel Norueguês buscou estimular precisamente essa política internacional e essas atitudes das quais Obama é agora o novo porta-voz mundial; e o Presidente Norte-Americano estava entre os 205 candidatos ao prêmio, mas quase não tinha sido mencionado, especialmente porque está a menos de nove meses no cargo.
Alguns dos mais recentes vencedores em edições anteriores
No ano passado, o prêmio Nobel da Paz foi entregue ao ex-presidente da Finlândia Martti Ahtisaari, que esteve envolvido em várias negociações de conflitos como o de Kosovo e Iraque.
Em 2007, o prêmio foi para ex-vice-presidente americano e ativista Al Gore, juntamente com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.Um ano antes o escolhido foi o bengalês Muhammad Yunus, pioneiro na implementação do microcrédito para pessoas em extrema pobreza (2006). (Fonte: Informações da BBC, de Agências Internacionais e Uol Notícias)